Aprender com a natureza é algo que me fascina, para superar isso só mesmo partilhar e ensinar algo aos mais novos, para que também eles tenham a oportunidade de fruir o melhor que o nosso mundo tem. Um habitat não renovável, mas adquirindo a percepção da sua importância, o poderemos cuidar. Foi nas Colinas do Tejo, um local para reencontrar ritmos perdidos, amar a natureza e viver a vida.
As Colinas do Tejo situam-se na localidade de Mouriscas, no lugar de Cascalhos a cerca de 9 km a montante da cidade de Abrantes na margem direita do rio Tejo. É assim que se designa esta pequena quinta situada à beira rio onde podemos observar a natureza de forma estreita. É composta com oliveiras centenárias entre outra flora autóctone como o lodão-bastardo, aderno-de-folhas-largas, carvalhos, citrinos e a cultura hortícola de ervas aromáticas. Junto ao Tejo possui uma praia onde as margens do rio são compostas por grandes freixos, choupo-negro e salgueiros e tramagueira. Um local onde se pode observar mil e uma aves… não será bem assim, mas bastantes… pica-pau, trepadeiras, cegonhas, águias, chapins entre muitas outras.
Entre as várias actividades que se praticam, posso salientar o alojamento de visitantes em casas de madeira, campismo, caravanismo, construção e reconstrução de embarcações tradicionais do Tejo e caiaques. Organização de várias actividades como caminhadas, btt, caiaque, arborismo, observação da fauna selvagem, organização de visitas de estudo e outros eventos, “trilhos pedagógicos” e também acções de defesa e conservação do património natural.
Foi lá que tive a oportunidade de conhecer a Escola Jardim do Monte, os professores, auxiliares, pais e amigos e claro, as crianças.Esta escola baseia-se na pedagogia Waldorf, aprendem a compreender e a respeitar a natureza, na natureza, as artes, pintura, música e tantas coisas mais.
“Na realidade, na escola não devemos aprender para saber, mas para sempre podermos aprender com a vida” – Rudolf Steiner.
Das coisas que mais me fascinaram nesta metodologia de ensino foi o cuidado e o respeito com o próximo. Ali parece não haver espaço para grandes conflitos e a amizade parece vingar de forma terna. Também não ouvi professores nem auxiliares aos gritos, não vi telemóveis e observei muita felicidade nesta actividade de final de ano. Foi contagiante!
Claro que vi os miúdos a jogar à bola, às escondidas e outros jogos, a tocar guitarra e outros instrumentos musicais. Também os vi a andarem atrás de bichos, mas com todo o cuidado, o objectivo era observar e não matar.
Nas Colinas do Tejo interagiram com a terra, a água e sentiram a liberdade de andar pelo campo. Com eles andamos de caiaque no rio Tejo. Mas antes foi-lhes dada uma breve explicação e feito o aquecimento pelo João Gouveia, o anfitrião das Colinas do Tejo.
Depois, remos e caiaques para a água, enquanto uns faziam a viagem os outros debatiam um pouco o ambiente. Faziam perguntas e procuravam respostas.
Conseguimos observar a águia-cobreira, a águia-de-asa-redonda, o milhafre-preto e patos-bravos com as suas crias. Garças, cegonhas, abelharucos, ouvimos um pica-pau entre muitas outras aves. Falei-lhes um pouco de um encontro que tivera com uma raposa há dias atrás naquele mesmo local.
Falámos das árvores que compõem as margens dos rios e a sua importância. Observámos que ali existiam plantas aquáticas. Observámos peixes a saltar na água. Houve uma criança que me disse “Até parece que estamos noutro país… dá que pensar não? Acho que estava mesmo a gostar.
Uma lagartixa-do-mato…
Ali também se dedicaram um pouco às artes, uma parede branca, uns riscos e deixar a imaginação e a criatividade fluir! Foi bom vê-los a pintar! Foram muitos os momentos de convívio e de conversa. Antes do deitar um momento musical e de convívio, foi bom ouvi-los a cantar.
A semana passou num instante, mas deixo aqui um muito breve registo do que foi esta actividade.
Uma última fotografia… o nosso belo rio Tejo!
Abraços!
Este relato foi partilhado originalmente em respiranatureza